Lágrimas derramadas não movem moinhos

Editorial publicado na newsletter EVENTOS News 117

Conselho Nacional do Turismo precisa impedir a catástrofe

Apesar de sobejamente alertado dos enormes prejuízos que a quebra da Varig traria para o país, o Governo permitiu que a mesma quebrasse. Hoje, na apresentação das estatísticas dos últimos anos é patente a diminuição da entrada de turistas estrangeiros e da entrada de divisas no período seguinte ao desaparecimento da Varig. Mas, lágrimas derramadas não movem moinhos.

No entanto, um novo e tão grande desastre se avizinha. A liberação das tarifas aéreas acarretará enorme prejuízo ao turismo nacional. Muitos pensam que o prejuízo será da TAM e que este é um problema dela. Não é! É de todo turismo e, principalmente, da hotelaria nacional. Aqueles que tanto reclamam da concorrência dos cruzeiros marítimos, se as tarifas aéreas forem liberadas vão se deparar com um prejuízo ainda maior. Um enorme iceberg se aproxima e poucos estão atentos para as conseqüências que uma colisão com o mesmo acarretará.

Não cabe discutir neste espaço e momento se a política de liberdade tarifaria é correta ou não. Talvez o seja no futuro, implantada após ampla discussão com toda cadeia produtiva e tomadas as devidas precauções para evitar que esta liberdade se transforme em ‘libertinagem’.

Hoje, sua implantação constitui verdadeiro crime lesa pátria. Importante observar que o que está em discussão é a liberdade das companhias aéreas estrangeiras venderem passagens para os brasileiros pelo preço que desejarem. Considerando que o tráfego para o Brasil representa uma ínfima parte do faturamento destas empresas, não terem lucro ou até mesmo trabalharem no negativo, muito pouco afetará seus balanços. Mas, com certeza, quando as empresas brasileiras tiverem sido afastadas do mercado internacional, as estrangeiras poderão multiplicar seus lucros, praticando tarifas abusivas. Aliás, como ocorreu quando a Varig saiu do mercado.

Mas o problema é ainda maior. Num momento em que a hotelaria norte-americana e européia está à míngua, praticando tarifas absurdamente baixas (no mês passado, era possível se hospedar num Ritz Carlton por US$140 ou num Four Season por US$120) o que impede que os brasileiros viajem em massa para os Estados Unidos e a Europa é o custo das passagens aéreas.

Se o custo das passagens baixarem, os brasileiros que nos últimos meses lotaram os hotéis de sul a nordeste do país, fazendo deste verão um dos melhores da hotelaria nacional, irão passar suas próximas férias e feriados em Miami, Las Vegas ou Nova York.

E ao turismo brasileiro só restará calcular os prejuízos e lamentar, mas não poderá reclamar pois tem sido alertado do problema, quedando calado e inerte.

Nesta segunda-feira, o Conselho Nacional de Turismo estará reunido em Brasilia. Todas as grandes lideranças nacionais estarão presentes, sejam as empresariais, sejam as governamentais. Talvez seja a ultima oportunidade para o problema seja amplamente discutido e tomada uma posição firme contra o absurdo desta pretensão da ANAC.


Sergio Junqueira Arantes
Editor do PORTAL EVENTOS e das revistas EVENTOS e MAKING OF
                    Academia Brasileira de Eventos (Cadeira 1)                                                                                          MPI Brazil Chapter Member
Vice-presidente da Anetur - Associação Nacional dos Editores de Turismo

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