Empreendedorismo feminino dá sinas de lenta recuperação

O último trimestre de 2021 registrou um crescimento do número de empresas lideradas por mulheres, em comparação com os primeiros meses da pandemia no Brasil

O último trimestre de 2021 registrou um crescimento do número de empresas lideradas por mulheres, em comparação com os primeiros meses da pandemia no Brasil

O empreendedorismo feminino no Brasil apresentou claros sinais de recuperação no último trimestre do ano passado, depois do forte impacto registrado a partir dos primeiros meses da pandemia de Covid-19. Após recuar para um total de 8,6 milhões de donas de negócio, no segundo trimestre de 2020, o número de mulheres à frente de um negócio no país fechou o quarto trimestre de 2021 em 10,1 milhões (mesmo resultado alcançado no último trimestre de 2019). É o que mostra um estudo do Sebrae feito a partir de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua do IBGE (PNADC). Apesar dessa evolução, a participação das mulheres empreendedoras no universo de donos de negócio no Brasil (34%), ainda está abaixo da melhor marca histórica, registrada no 4º trimestre de 2019, quando elas representavam 34,8% do total.

O levantamento mostra que a participação feminina entre os donos de negócios empregadores também continua abaixo do período pré-crise. No final de 2019, havia 1,3 milhão de donas de empresas que contratavam empregados (o que representava 13,6% do total das Donas de Negócio). Já no final do ano passado, esse número havia recuado para 1,1 milhão (11,4% do universo). Para o presidente do Sebrae, Carlos Melles, as mulheres empreendedoras sofreram mais que os homens as perdas causadas pela crise pandêmica. “Empresas lideradas por mulheres tiveram um impacto maior em termos de redução de empreendedoras em atividade e uma recuperação mais lenta que a verificada entre os negócios dirigidos por homens. Uma das explicações para esse fato está na nossa cultura, onde elas acabam tendo de dividir seu tempo entre a gestão da empresa e os cuidados com a família. Com as medidas de isolamento social, muitas empresárias tiveram de encerrar suas atividades ou reduzir a operação do negócio para dedicarem mais horas aos filhos e idosos”, comenta.

Mais escolaridade

Um dado alentador apresentado no levantamento do Sebrae é que o número de mulheres com pelo menos o nível médio continua maior que o dos homens, e essa diferença cresceu entre o último trimestre de 2019 e o mesmo período de 2021. No 4º trimestre do ano passado, 68% das empreendedoras tinham pelo menos o ensino médio. Entre os homens, essa proporção era de 54%. A variação no período foi de 11 pontos percentuais entre as mulheres e 4 pontos entre os homens.

Ainda de acordo com a PNADC a maior presença das empreendedoras está concentrada nas atividades do setor de serviços (50%). Em especial, a pesquisa mostrou que cresceu a participação feminina nos setores de Informação/Comunicação e Educação/Saúde. Entre o 4º trimestre de 2019 e o mesmo período do ano passado, a presença das empreendedoras cresceu 3 pontos percentuais e 4 pontos, respectivamente.

DADOS DA PESQUISA

Aumentou a proporção de mulheres que são “Conta Própria” entre os 3º e 4º trimestres de 2021. A variação foi de 1,07 milhão para 1,15 milhão de empreendedoras

Aumentou a proporção de mulheres que são Chefes de Domicílio. Em 2019, elas eram 47% e no último trimestre de 2021 as empreendedoras chefes de domicílio representaram 49% do total

50% das mulheres Donas de Negócio e 28% estão, respectivamente, nos setores de serviços e comércio.

35% dos homens Donos de Negócios e 21% estão, respectivamente, nos setores de serviços e construção.

As mulheres empreendedoras têm um nível de escolaridade maior que os homens. Entre elas, 68% têm ensino médio ou mais. Entre os homens, a proporção é de 54% (no último trimestre de 2021).