Carnaval: sim ou não?

Devemos ou não realizar o carnaval?Eis uma grande questão que nos divide e que apela para o bom senso,sobretudo no Rio De janeiro,onde após os festejos intempestivos de final de ano,a situação da pandemia se agravou.

Há um assunto que quero hoje dividir com você. Por isso, reproduzo aqui um pequeno texto que fiz para a revista Plurale.

Sou carioca da gema. Nasci na Tijuca. Frequentei os bailes de Carnaval do Municipal, do América e do Tijuca Tênis Club. Trabalhei na inauguração da Avenida dos Desfiles e em inúmeros carnavais. Conheci os festejos em Nice e Veneza. Organizei feijoadas de Carnaval e até me transformei num palhaço em 2019 e percorri o carnaval de rua. Entendo a importância do evento para a cadeia produtiva de nosso município e sei que muitos dependem de sua realização. No entanto, sou um defensor da Vida, da Humanidade, da defesa da Verdade e da busca de caminhos para uma retomada necessária mas de forma sustentável durante a pandemia.

Acabamos de assistir uma passagem de ano, com aglomerações, festas clandestinas e a não utilização de máscaras. Tenho na Dra. Margareth Dalcolmo uma referência como cientista e ser humano. Traz sempre os esclarecimentos necessários e sem nos alarmar sobre o que está ocorrendo. Ela é uma das vozes da Ciência, num país onde a mesma parece não ser considerada e respeitada como deveria. Já estive com ela algumas vezes e sempre disse que a máscara deveria ser um item obrigatório para nossa sobrevivência até 2024 ,assim como a vacina, a testagem e o distanciamento.

O resultado da queima de fogos do final do ano foi um aumento considerável do número de contaminados, embora de forma mais branda mas muito preocupante. Não podemos abrir as portas para os turistas pois a função precípua da Atividade é o respeito pela população anfitriã. Os turistas foram embora e o problema está presente agora no Rio... Muitos moradores começam a atribuir o problema da contaminação em solo carioca aos turistas, o que não é nada bom, mas ascende a luz de que não podemos ser o paraíso do Turismo, em épocas de pandemia, enquanto os grandes destinos criam formas de proteção.

Agora, se avizinha o Carnaval. A característica do mesmo é uma troca de afeto constante, numa população que se abraça e se aglomera. Parece que os blocos não vão desfilar. Vejo, no entanto, estarrecido, noticias de que bailes em locais fechados vão ocorrer assim como eventos privados. Fora a possibilidade de realização até agora dos desfiles na Passarela do Samba, sem nenhuma mudança na venda de ingressos de arquibancadas, frisas e camarotes. Teremos sim aglomeração e vamos colocar em risco mais uma vez os moradores.

A primeira sugestão é um evento sem público embora especialistas afirmem que a quantidade de pessoas desfilando sem distanciamento pode trazer problemas e para uma população, que vive em comunidades, onde sabemos que tudo é muito mais complexo e difícil. A segunda opção é adiar o evento e esperar melhores dias para vivermos a folia momesca. Todos os grandes carnavais no mundo estão sendo cancelados.

São algumas reflexões de alguém que ama o Rio, que não para um momento de trabalhar em prol do Estado, da minha forma de lutar. O Rio, com todos seus municípios, deve entender a necessidade de adaptação aos novos tempos e busca de soluções para um Rio que não pode se perder em atividades intempestivas que nos coloquem em risco.