Aprimoramento do mercado de feiras é discutido em São Paulo

Academia Brasileira de Eventos e Turismo organizou uma oficina para empresas e universidades no dia 01 de abril, um dia após o Fórum Eventos.

A Academia Brasileira de Eventos e Turismo realizou no dia 01 de abril, a Oficina “Universidades e Empresas conjugando e aprimorando mercados”, para discutir estratégias para o aprimoramento, crescimento e qualificação para o mercado de Feiras. O encontro aconteceu na ESPM e foi voltado a todo o universo acadêmico e empresarial, associações de classe, docentes e alunos interessados. O programa contou com cinco painéis, que discutiram a gestão estratégica das feiras, desde a organização até a comercialização; estratégias de segmentação das feiras; ferramentas para promoção e valorização das feiras; hospitalidade; cerimonial e protocolo, com a participação de docentes de cinco universidades – FGV, Anhembi Morumbi, ESPM, Senac e FAAP, além de debatedores integrantes da direção de empresas e entidades como APAS – Associação Paulista de Supermercados, Francal, Couromoda, ABIH – Associação Brasileira da Indústria de Hotéis e cerimonialistas.

Na abertura do evento, o presidente da Ubrafe, Armando Campos Mello apresentou importantes números: na região Sudeste são realizadas 2.222 feiras, e, somente em São Paulo, movimenta a cifra equivalente a R$ 16,3 bilhões alavancados em volume de negócios. Acontecem 800 eventos ao ano, em 2.280 dias de realização, 6.840 dias de ocupação e 8,8 milhões de visitantes. “Ainda existe espaço para muita gente trabalhar na promoção comercial brasileira. É possível incrementar os negócios no Brasil. E esta, com certeza, é uma mídia democrática, em um mesmo espaço vemos empresas de todos os tamanhos”, acrescentou. Ismael Rocha, diretor acadêmico da ESPM confirmou a importância de envolver os jovens na indústria, entendendo a sua pujança. Eraldo Alves da Cruz, membro da academia e ex-presidente da ABIH Nacional complementou ao afirmar que a ação leva conhecimento objetivo e direto aos estudantes e é muito bem-vinda.

Mesas de debates

Na Mesa “Estratégias de Segmentação das Feiras”, a professora Silvia Valente – Coordenadora dos Cursos de Turismo e Curso Superior de Tecnólogo em Eventos, da Universidade Anhembi Morumbi, relatou a dificuldade que os alunos possuem em entender algumas particularidades do mercado. “Sabemos da importância das feiras e o seu impacto positivo, economicamente falando. Na hotelaria otimiza as receitas”, disse. O convidado debatedor, Abdala Jamil Abdala, presidente da Francal, lembrou da não existência, até bem pouco tempo, de escolas formadoras de profissionais capacitados para este tipo específico de evento. “Precisamos ter o expositor e o comprador certo daquele determinado setor e o tempo é importante, necessário na otimização do negócio. Caso contrário, não existe vida longa”.

Na Mesa “Gestão Estratégica das Feiras – da Organização à Comercialização”, a professora Marisa Canton, das disciplinas Gestão de Eventos e Gestão do Turismo, na EAESP, da FGV/SP, e Acadêmica da Academia Brasileira de Eventos e Turismo, comentou sobre o Projeto Educacional, que abrange cinco universidades em São Paulo e com a possibilidade de ser adotada em outros estados brasileiros. “Nossa ideia é a abrangência, como modelo e protótipo. Estamos iniciando de uma forma séria e ética. Com seriedade de propósitos em todos os sentidos, pois sabemos que 88% dos alunos são absorvidos imediatamente no mercado de trabalho”, disse ela. Carlos Correa, diretor superintendente da APAS reforçou que a Associação Paulista de Supermercados tem 1.200 empresas associadas, possuindo seu próprio centro de convenções para eventos corporativos e sociais. Falou ainda dos 31 anos de existência da feira e seus objetivos. “Atendemos as demandas dos supermercados, pois temos grandes lojas com poucas variedades de produtos. Não só o perfil do comprador, mas o do consumidor também mudou muito. Precisamos funcionar como um canal de inovação e levar isto até os fornecedores”, falou. A APAS recebe 70 mil pessoas e, além de exposição, oferece palestras de tendências, melhores práticas e inovações. “É possível gerar negócios pois todos estão no mesmo lugar”, finalizou.

Na Mesa “Marketing ferramenta para Promoção e Valorização das Feiras”, George Rossi, coordenador do curso de Comunicação da ESPM confessou que a interação empresas e escolas no Brasil não é muito comum e na Escola Superior de Propaganda e Marketing prevalece a didatica da resolução de problemas, com erros e acertos dos alunos. O mestre é apenas o tutor. “Fizemos perguntas para eles do que é uma feira, quais devem ser as necessidades atendidas, quanto custa, principais atratividades, melhores locais, necessidades, grupos específicos, tecnologia e como manter as informações atualizadas e interessantes”, revelou. A convidada debatedora, Ana Jussara Leite, da área de projetos especiais do Grupo Couromoda, complementou que a expertise em feira foi adquirida com as ações realizadas pelas próprias equipes do grupo. “É preciso fazer a aproximação entre empresas-escolas por meio de visitas guiadas e programas de desenvolvimento de projetos”. Segundo ela, tudo em uma feira é marketing, desde a venda de oportunidade de negócio ao cliente, relacionamento, atualização. E complementa a importância de formatar projetos antecipadamente, mais ou menos 1 ano e meio antes. “Isto demonstra organização e sistema de trabalho, gerando confiança para quem está comprando. É importante ter uma boa equipe de vendas, saber quem serão os visitantes, atrações, um bom mix de produtos, boas ofertas, marcas de todos os tamanhos, tanto alternativas como tradicionais, trazendo como consequência relacionamentos e oportunidades”, aconselhou. Jussara também passou outras dicas fundamentais não só para estudantes, como para todos os profissionais do mercado: ter um bom mailing, site informativo e uma revista customizada com notícias do setor. “Uma feira forte é reflexo de um setor forte. Não se esqueçam de dar visibilidade junto a vários públicos. E entregar promessas. Primeiro trazer os expositores e depois os visitantes. A equipe precisa resolver os problemas durante o evento. E as vendas do próximo ano já devem ser feitas ali mesmo. Vá para o mercado, visite outros eventos da mesma natureza, você precisa ser lembrado”, ressaltou ela.

Na mesa “Hospitalidade, uma estratégia de diferenciação para feiras/exposições”, o professor Fernando Estima, pesquisador e professor do curso de Hotelaria, curso Superior de Tecnólogo em Eventos e de Pós Graduação em Eventos do Centro Universitário Senac contribuiu ao reclamar da falta de carinho e respeito entre as pessoas e disse que costuma ensinar a gentileza. Ele citou exemplos de eventos onde os alunos foram protagonistas da hospitalidade, e com sucesso. “Não tenho medo em entregar responsabilidades a eles”. Bruno Omori acrescentou ao afirmar sobre a necessidade de conhecer o cliente e saber suas necessidades: todos os detalhes são importantes, tais como o travesseiro, a aromaterapia, o treinamento dos manobristas, dos recepcionistas, agilidade no credenciamento. “O turismo vende sonhos. Temos de criar relacionamentos, sinergias e parcerias”. E complementou: “Nos estágios, os alunos precisam se aprofundar de uma forma mais direta. Isto é ter uma visão global. Olhar para o futuro e ver os pequenos detalhes”, finaliza.

Na mesa “Cerimonial e Protocolo nas Feiras”, Yara Moraes, professora de Eventos do Curso de Comunicação Social da Fundação Armando Álvares Penteado – FAAP falou que a abertura de um evento tem todo um composto de visibilidade. “A especialização é bem importante”, frisou ela. Já Ana Jussara Leite acrescentou que na iniciativa privada, a cerimônia funciona como uma oportunidade de marketing, um espetáculo com conjunto de regras de protocolo e ações comuns a todos os eventos. “Tudo precisa fluir rapidamente, conhecendo a dinâmica. Muito cuidado com o material fotográfico e as filmagens, em especial a luz refletida no rosto das pessoas. Lembrem-se: as imagens serão futuramente reproduzidas em várias mídias”. Para Carlos Takahashi o cerimonial é um instrumento poderoso de comunicação. As normas são muito antigas, dos anos 70, então é preciso ter o bom senso para adequá-las às necessidades atuais. “Se não souber o protocolo brasileiro, você vira refém”, comentou. “Precisamos nos esforçar para preparar melhor os profissionais de eventos. O que nos falta hoje é isso”, concluiu o cerimonialista.

A presença mais aguardada do dia, Rob Davidson, Diretor Geral da MICE Knowledge, da Inglaterra, encerrou a oficina com depoimento sobre sua vida e sua carreira na Europa. No Brasil, especialmente para participar do Fórum Eventos 2015, Rob comentou que após ser repórter de turismo, resolveu introduzir o tema nas universidades e escreveu oito livros sobre o tema. Esteve no Brasil por quatro vezes, a primeira em 1992, para escrever sobre a natureza. “Me apaixonei pelo país”, disse ele. O especialista presenciou a abertura do Convention Bureau na França e viu de perto as transformações. “Fico feliz em ver como o segmento MICE no Brasil está evoluindo”, revelou. Como professor, Rob disse que seus alunos conseguem bons empregos depois de formados e que o mercado está aquecido, principalmente na China. “É importante para mim estar atualizado e costumo frequentar grandes feiras ao redor do mundo. Gosto de inspirar as pessoas, é uma grande responsabilidade. Precisamos de especialistas”, finalizou.

Todos os participantes da Oficina tiveram a oportunidade de interagir ao vivo com os debatedores por meio do APP SLI.DO, com o envio de perguntas que subiam ao telão, permitindo que os presentes elegessem as mais relevantes e, ao final de cada painel, eram endereçadas aos palestrantes pelo presidente da Academia, Sergio Pasqualin.

Colégio Acadêmico

A 2ª Oficina “A Universidade e Empresas conjugando e aprimorando mercados” tem o patrocínio da FBHA e apoio da Ubrafe e da ESPM – Escola Superior de Propaganda e Marketing. As Oficinas promovidas pela Academia fazem parte das estratégias de um pioneiro Projeto Educacional criado pela entidade, já em andamento, que visa a realização de estágios monitorados nacionais e internacionais a jovens estudantes.

“Por meio dessas Oficinas, a Academia tem tido a oportunidade de incentivar uma maior aproximação entre os diferentes setores que compõem nossa sociedade: setor acadêmico, setor empresarial, e setor público, ligados ao Turismo e Eventos de nosso país, por meio do incentivo à discussão e engajamento entre esses setores, mostrando a possibilidade de um olhar e caminhos parceiros, com propostas inéditas e inovadoras para o bem comum”, completa Marisa. Iniciativa inédita no Brasil, a Academia Brasileira de Eventos e Turismo foi inaugurada em fevereiro de 2006 e surgiu da necessidade de uma representação honrosa do setor dos Eventos e do Turismo no país, trazendo, por meio de ações inéditas e programadas, a integração de esforços para a implementação do setor a nível nacional e internacional, de forma a evidenciar e prestigiar seu crescimento e competências de maneira sustentável e ética.

O Colégio Acadêmico prevê a composição de 40 acadêmicos nacionais efetivos e perpétuos (hoje são 37), e à semelhança de outras Academias no Brasil e no mundo, seu quadro é constituído por profissionais notórios de todos os segmentos que compõem a cadeia produtiva deste setor da economia. Entre suas principais ações, em 2011 instituiu o Dia do Profissional de Eventos, comemorado desde 2013, oficialmente, todo dia 30 de abril, bem como a Biblioteca Nacional de Eventos, em vias de abertura. Outros detalhes:

http://www.academiaeventosturismo.org.br