Os centenas de profissionais se uniram para dar um abraço simbólico no equipamento objetivam de chamar a atenção do governo do estado para a realização de obras emergenciais necessárias e impedir que ele seja transferido para o bairro do Comércio.
A mudança é motivo de reclamação dos empresários da área hoteleira que atuam na região e seriam prejudicados pela ausência do centro, que abriga uma série de eventos importantes para a economia local.
O Centro de Convenções foi construído há 36 anos e nunca passou por um processo de modernização. O Abraço foi também um gesto de insatisfação pela situação delicada por que passa o Centro de Convenções da Bahia, reivindicando melhorias e explanar os problemas que o setor vem sofrendo devido a falta de manutenção no local, terminando com o abraço simbólico em frente ao local.
Organizado pelo Conselho Baiano de Turismo (CBTur), que envolve mais 19 entidades do trade, o evento foi uma forma de alertar para os problemas que o turismo baiano vem enfrentando, apontando inclusive para a continuidade de perda de potencial que tem sido registrado. De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Indústria de Hotéis – Bahia (ABIH – Bahia), Manuel Garrido, um grande evento tem o mesmo impacto do que um dia de carnaval na cidade.
“A cada evento, são cerca de 5 a 10 mil pessoas que chegam a cidade, gera renda em toda a cadeia produtiva, nos hotéis, restaurantes, táxis. Um grande evento desse, apenas no turismo, envolve uma circulação de R$ 5 a R$ 10 milhões por dia, se ampliar para toda a cadeia produtiva, esse valor sobe para R$ 50 milhões por dia. Infelizmente estamos perdendo essa receita, por falta de manutenção deste equipamento”, pontuou Garrido.
Os empresários do setor têm defendido arduamente a revitalização do Centro de Convenções mantendo o equipamento no local que ele se encontra hoje, no STIEP, e justificam ao colocar que a localização facilita a realização dos grandes eventos. Com estrutura comprometida, devido à falta de manutenção do equipamento, Salvador tem sido substituída por outras cidades da região Nordeste que possuem locais com melhor logística para receber as eventualidades, a exemplo de Fortaleza e Recife.
Pessoa ainda argumenta que o Estado do Ceará havia conseguido R$ 400 milhões com o Governo Federal, fazendo um Centro de Convenções de referência, e demais capitais nordestinas ascendentes como Natal e João Pessoa também tem intensificado os esforços para equipar seus respectivos trades, enquanto que Salvador permanece “empurrando os problemas com a barriga”.
Com a realização do ato, o trade turístico se organizará para dar continuidade aos protestos e reivindicações dos setor. Para o presidente do CBTur, Luiz Augusto, é necessário que haja um entendimento com os governo, e que o Estado ouça o trade antes de tomar decisão que envolva o segmento. “Nosso objetivo não é apenas levantar defeitos, mas também propor soluções. Temos que estar de mãos dadas com os nossos governantes”. Ele ainda afirma ainda que, nem mesmo o fechamento temporário por conta da reforma renderia maiores prejuízos. “Nossas perdas já vem a mais de dez anos, e as revitalizações que precisamos, em até seis meses podem ser concluídas”, afirmou.
Obras emergenciais serão realizadas em breve, diz Pelegrino
Pelegrino explicou ainda que o Estado têm se ocupado arduamente com demais obras, principalmente na área de mobilidade urbana, fator que impede um novo investimento alto, e que o Governo Federal também não dispõe de verba para construir o novo equipamento em um curto prazo. Ele adiantou que o estudo técnico irá mostrar quando o novo centro poderá sair do papel, seu orçamento, e também sua localização. “O ideal agora é fazer as manutenções devidas ao atual equipamento para que este continue funcionando e atendendo à população. Mais importante do que a localização é que Salvador tenha um centro à altura de sua necessidade”.
Governador anuncia construção de um centro de convenções no Centro
O governador Rui Costa garante a construção de um novo Centro de Convenções, no Comércio, na área que pertence aos fuzileiros navais, próximo ao Porto de Salvador. A obra deve ser realizada por meio de uma Parceria Público-Privada (PPP), como um dos projetos traçados pelo governo para atrair até 75 bilhões para Bahia.
O anúncio foi feito pelo governador na cerimônia de posse do arquiteto Jorge Hereda no cargo de secretário estadual de Desenvolvimento Econômico. Na mesma oportunidade, Rui disse que a nova rodoviária em Águas Claras, o VLT (veículo leve sobre trilhos) e a ampliação do metrô formam o pacote de obras que vão atrair os novos investimentos privados.
Em março, Rui Costa havia defendido que o centro de convenções fosse para o bairro do Comércio, diante da alta salubridade que o atual equipamento estava sendo submetido, na região do STIEP – alternativa rechaçada por representantes do trade, que ainda defendem a revitalização no mesmo local. O secretário afirma que o diálogo com o trade turístico está aberto e a construção de um novo centro de convenções passaria por três elementos fundamentais.
“Primeiro tem a disposição financeira, a construção do novo centro demandará um valor de R$ 300 a R$ 350 milhões, até R$ 400, a depender do equipamento que a gente possa fazer. Também é precisa de uma área mínima de 1.000 m², que são poucas na cidade. E ainda tem a possibilidade de construir uma equação financeira que viabilize isso, principalmente numa situação de restrição fiscal que estamos vivendo hoje”.
Um centro da convenções da Etiópia desmantela dos negócios da cidade
Este ano, de janeiro a maio, o setor relata uma média de ocupação de 57,17% - o menor índice em 14 anos, perdendo apenas para 2013 quando o número ficou em 56,06%. Presidente da Federação Baiana de Hospedagem e Alimentação, Silvio Pessoa é contra a saída do Centro de Convenções do atual lugar, no bairro do Stiep. “Aquilo está há mais de 10 anos sem reforma. Qualquer novo centro demora de quatro a cinco anos para ficar pronto. Se ficarmos esse tempo todo sem um lugar, o turismo de negócios ficará muito prejudicado”, Ainda de acordo com Pessoa, a proposta de mudança para o bairro do Comércio, como quer o governador Rui Costa, não é razoável. “O trânsito lá já é caótico e não tem onde estacionar na região. Não seria o melhor local”, analisou.
O ex-secretário de Turismo, Domingos Leonelli, diz que os problemas no Centro de Convenções, não podem ser atribuídos à sua gestão. Ele disse que “pode ser acusado de tudo, menos das duas questões, pelas quais teria responsabilidade zero”, e aponta como "culpada a antiga Superintendência de Construções Administrativas da Bahia (Sucab), extinta pelo governo de Rui Costa”. De acordo com Leonelli, quando estava à frente da Setur, ele conseguiu R$ 6 milhões do Ministério do Turismo e outros R$ 10 milhões da Bahiatursa para investir no Centro de Convenções, mas a falta de projetos fez com que o dinheiro não fosse utilizado. Além disso, teria conseguido outros R$ 30 milhões, que também permaneceram intocados.
Arena na mira dos empresários
Com um Centro de Convenções desatualizado e degradado, Salvador vem perdendo a cada dia eventos de grande porte, principalmente na área médica. Só no período de 2015 a 2018, quatro eventos, com capacidade de atrair cerca de 20 mil congressistas, foram cancelados na cidade. Sem uma solução, a curto prazo para a questão do Centro de Convenções, empresários do turismo associados ao Salvador Destination decidiram conhecer a Arena Fonte Nova e ver as possibilidades do espaço para abrigar eventos acima de 2 mil pessoas. A visita, realizada na quarta-feira, 10, contou com a participação de 20 empresários de diversos segmentos do turismo.
“A realidade dos mega e grandes eventos em Salvador é difícil e a Arena Fonte Nova pode nos ajudar a resolver esta questão, enquanto a situação do centro de convenções é resolvida. Quando isso acontecer, teremos dois espaços importantes para abrigar grandes eventos”, explica Paulo Gaudenzi, presidente do Salvador Destination, escritório de negócios com 38 associados e que atua na promoção da capital baiana e na captação de eventos nacionais e internacionais. “A Arena é um grande e qualificado empreendimento que certamente vai viabilizar o desenvolvimento do turismo de eventos em Salvador”, frisa o vice-presidente do Salvador Destination, Roberto Duran.
Construída para a Copa do Mundo de 2014, a Itaipava Arena Fonte Nova é mais do que um estádio de futebol. Com conceito multiuso, a Arena foi projetada para receber todo tipo de evento, dos mais variados portes e público. ”Abrigamos um ou dois eventos por semana. São palestras, comédias, eventos corporativos, shows, formaturas, casamentos e até aniversários”, enumera o diretor de Projetos Associados da Arena Fonte Nova, Marcos Cidreira, destacando ainda a vantagem de estacionamento, um serviço cada vez mais complicado em Salvador. São mais de 2 mil vagas cobertas.
Jornalista baiano Claudio Tinoco também se manifesta.
O governo do estado vem batendo cabeça desde a gestão passada sobre o tratamento dado ao Centro de Convenções da Bahia. Chegou a lançar editais para concessão à iniciativa privada, mas não teve êxito. Há muito tempo, temos visto inúmeras notícias negativas sobre a péssima refrigeração, problemas nos elevadores e escadas rolantes, degradação do mobiliário e equipamentos…
O ápice dos problemas se deu durante um congresso de Medicina, com banheiros entupidos e mau cheiro. A entidade médica internacional distribuiu carta em repúdio às condições do CCB e, após isso, muitos congressos e feiras foram cancelados e desviados para outras cidades e países. Em março deste ano, o pavilhão de feiras foi interditado com risco de desabamento da cobertura.
Durante as discussões sobre possíveis investimentos que deixariam um legado da Copa do Mundo, foi cogitada a possibilidade da Bahia ganhar um novo centro de convenções. Bem, não é preciso falar mais nada sobre os tais legados da Copa para Salvador: aeroporto com pista esburacada e eternamente em obras, terminal marítimo ainda não inaugurado e metrô que vive em “operação assistida”. Agora, vêm mais especulações que só fazem mais confusão.
O governador diz que vai construir um novo centro de convenções no Comércio. Sabe onde? Na área do Hospital Naval e Batalhão de Fuzileiros Navais! Claro que só após a Marinha autorizar, os recursos orçamentários estiverem assegurados, achar um grupo privado que queira investir, viabilizar construção da prometida linha de VLT ou metrô até Avenida da França, elaborar projeto executivo, licitar, contratar, construir e concluir. No ritmo das obras públicas, como a ponte Salvador-Itaparica, Fiol e Porto de Ilhéus, arrisco afirmar que, se realmente acontecer, ficará pronto em 10 anos.
Já o secretário de Turismo diz que transferirá as feiras para o Parque de Exposições. Só não combinou com o pessoal da agropecuária. O turismo de eventos e negócios é fundamental para Salvador para assegurar a movimentação na baixa estação e aquecer a cadeia produtiva que mais emprega na cidade. Já fomos o 3º destino nesse segmento, com reconhecimento internacional e taxa média de ocupação hoteleira acima de 60%.
Nos últimos anos, perdemos espaço para outras cidades nordestinas, como Recife e Fortaleza, esta última com um dos mais modernos centros de convenções da América Latina. Refutamos qualquer iniciativa, neste momento, que não seja a plena recuperação do atual Centro de Convenções da Bahia.
É preciso correr com isso, governador! Não podemos perder mais um minuto, muito menos uma década. Não estamos lutando contra um novo equipamento com logística e tecnologia avançadas, mas o mais inteligente é tornar o atual operacional, enquanto se constrói um com capacidade de atender à demanda por mais 40 anos.
“O Centro de Convenções vai virar o jogo na atração de turismo. Tanto a nova rodoviária como o VLT e as estações de metrô também vão fazer esse papel articulado de gerar renda e emprego, principalmente na área do miolo (de Salvador)”, falou. Para o presidente da Salvador e Litoral Norte da Bahia Convention & Visitors Bureau, José Alves, o novo centro de convenções atende uma necessidade antiga do setor de turismo, principalmente o de negócios. “Quem vem para um evento de negócio costuma gastar cinco vezes mais que um evento de turismo e o novo centro de convenções só tem a agregar”, considerou. Já o presidente da Salvador Destination, Paulo Gaudenzi, defende que o Centro de Convenções já construído seja reformado. “Precisamos que o governo reforme com urgência o Centro de Convenções atual para que a gente possa trabalhar”. O governo informou que uma reforma emergencial para o Centro de Convenções da Bahia está prevista para acontecer, apesar de não ter data para começar, conforme nota emitida pela Secretaria Estadual de Turismo.
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